quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Obesidade Infantil

 
Atualmente a Obesidade  é considerada como sendo uma doença multifatorial crónica, pode ser o resultado de um balanço energético positivo, pode acontecer também quando a ingestão de alimentos com valor calórico elevado, de índice glicémico também elevado e de baixo valor nutricional é superior ao gasto energético.
Classifica-se como Obesidade de grau I, Obesidade de grau II ou severa e Obesidade de grau III ou mórbida. Esta última verifica-se quando o índice de massa corporal é superior a 40, sendo que para a Organização Mundial de Saúde que é quem debita estes valores, em estado “normal” estão aqueles que se situam entre os 18,5 e 25 aproximadamente. (A forma mais fiável de efetuarem medições e determinarem corretamente a composição corporal é através do DEXA ou mesmo de pregas adiposas ou medição de perímetros.
Problema:
Através do DEXA, podem ver aqui mais sobre do que se trata, torna-se um pouco dispendioso para a maior parte dos utentes, as pregas adiposas necessitam sempre de um profissional com elevada experiencia a efetuar este tipo de medição.
Portanto sobram as medições aos vários perímetros corporais e os vários indicadores do estado metabólico e inflamatório que conseguem através de análises clínicas). Como sabem e se não sabem eu digo-vos, o IMC é a forma de medir a gordura do corpo relativamente à altura. Basta dividirem o vosso peso em quilos pela vossa altura em metros ao quadrado, ou seja não tem em consideração a massa muscular do individuo, não nos mostra de que forma se acumula a gordura no corpo e qual o seu padrão. Estas são algumas das razões pela qual o IMC não parece ser a melhor forma de se qualificar e identificar a Obesidade.
De uma forma generalizada a Obesidade dá-se quando o indivíduo acumula gordura em excesso no organismo, mas qual a verdadeira causa para isto!?
Será hereditário, será das companhias…?
Na verdade são várias as causas para este flagelo, contudo a má nutrição sem sombra de dúvidas vem em primeiro lugar. O excesso de hidratos de carbono, de comida processada, açúcar, tem feito com que por exemplo em Portugal cerca de 30% das crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos estejam com excesso de peso ou mesmo em estado de Obesidade como podem ver aqui.

As influências familiares, ou seja, se os pais são obesos ou têm excesso de peso facilmente os seus filhos seguirão os seus passos. Existe 30% de hipótese de crianças com pais obesos de virem a sofrer do mesmo mal o que na minha maneira de ver as coisas traduz-se em 30% de culpa para os progenitores de os seus filhos virem a sofrer de várias doenças metabólicas como a Diabetes tipo II por exemplo como podem também ver aqui.
Os problemas psicológicos como depressão, a falta de exercício físico, alguma medicação que tem como efeito secundário o aumento de peso, algumas patologias como o hipertiroidismo, alguns problemas metabólicos, as poucas horas a dormir como mostra um outro estudo também do World Journal of Diabetes que embora focado em modelos animais mostra-nos uma correlação entre as horas de sono e o aumento de peso.” A falta de horas de sono é seguida por distúrbios metabólicos em humanos e animais” (Rechtschaffen and Bergmann, 1995; Spiegel et al,2004).
Estes são alguns dos fatores condicionantes do peso e acumulação excessiva de gordura, que tanto acontece em adultos como infelizmente com crianças.
A Obesidade Infantil é algo que tem vindo a crescer nos últimos anos de forma fatal para as gerações futuras.
Culpados:
Sem sombra de dúvida os PAIS pois são eles que mostram em primeiro lugar e por vezes até ensinam os seus filhos a comer/gostar deste tipo de “alimento”. Arrepia-me ver uma família num restaurante de Fast food com um filho ainda com meses mas já com a batata frita na mão, pois, parece ser giro ver a pobre criança a chuchar naquela gordura com batata. Depois admiram-se que cada vez mais se veja crianças com diabetes tipo 2 que posteriormente dão lugar a doenças cardiovasculares, a insuficiência renal, etc.
A falta de exercício físico, ou melhor o simples facto de que as crianças hoje em dia já não brincarem na rua e passarem horas e horas AGARRADAS à televisão e aos jogos de consola. Mais uma vez de quem é a culpa? Pois, são sempre os mesmos.
A publicidade que constantemente inunda as televisões e não só com produtos que nada trazem de bom para a saúde humana, as fortes estratégias de marketing por parte das cadeias de Fast Food como por exemplo os brindes para atrair o público infantil.
Uma pesquisa efetuada num hospital em Boston demonstrou que crianças que nasceram por cesariana vêm assim aumentadas as probalidades de virem a ser obesas ou a ter peso elevado devido às diferenças na flora intestinal. Verificou-se uma maior incidência de bactérias Firmicutes , que segundo outros autores estão presentes nos intestinos de pessoas obesas sendo um dos fatores que motivam esta patologia.
A duração e a qualidade do sono das crianças também é um percursor da Obesidade, mais uma vez o papel dos pais se mostra importante.
Como Pai que sou não me basta apenas ser “ o maior pai do mundo” Ok, sou relativamente alto e com alguma massa muscular mas, não me basta apenas ter o título como alguns políticos. É necessário fazer algumas “obras” que passam para além de várias situações, pela Educação. Não falo apenas de educação social ou socio-comportamental, falo também de uma Educação Alimentar a todos os níveis.
Cabe-nos a todos nós pais encaminhar da melhor forma os nossos filhos desde que estão na barriga das mães, não faz sentido contribuirmos para que eles e posteriormente os filhos deles venham a sofrer porque não lhes mostrámos o caminho ou porque não fomos suficientemente persistentes nesse ensinamento.
Não percebo!
A criança faz anos, naquela festa que serve para se festejar o seu nascimento e os anos de vida com saúde e tal, alguns pais “sem conhecimento claro” estão a ajudar e a contribuir para que essa mesma criança venha a correr o risco de não gozar de tanta saúde no futuro.
O pior é que ainda se paga, o pior é mesmo quando essa festa é feita num recinto preparado e licenciado para tal e vemos a nossa criança a comer de tudo menos COMIDA DE VERDADE.
Para não me alongar mais com este assunto chato sobre Obesidade Infantil vou deixar-vos o vídeo de uma reportagem espetacular feita no Brasil sobre esta epidemia que em Portugal nos últimos 20 anos tem vindo a aumentar de forma desastrosa. Em 2010 no mundo todo havia cerca de 42 milhões de crianças com peso acima do normal das quais 35 milhões viviam em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Cerca de 37,9% das crianças Portuguesas estão com excesso de peso e 15,3% são na realidade obesas mesmo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Portanto é este o número aproximado de crianças que aspiram a sofrer consequências não só a nível de saúde mas também de forma psicológica, emocional e social.
Bem é agora que me calo, por favor vejam o vídeo Seguinte com a atenção que acharem que merece.

2 comentários:

  1. Em primeiro lugar, parabéns pelo blog Álvaro! Já tinha lido a maior parte dos artigos no teu site (que acompanho), mas o blog é uma óptima iniciativa e uma forma prática de interagires com os teus leitores :)

    Prestei particular atenção a este artigo (que está muito bem escrito), já que tenho uma sobrinha pequena e porque recentemente estive a debater esta temática com a minha irmã: ela deparou-se, no decorrer do serviço dela (enfermagem), com um bebé obeso com menos de um ano(!). Isto para mim é grave, especialmente quando os pais da criança ignoram os conselhos médicos e dizem que não precisam de mudar nada na alimentação do filho porque é muito novo para fazer dieta.

    Penso que o primeiro passo para combater a obesidade infantil seria, educar as gerações mais novas e, ao contrário do que muitos pais ainda pensam, quanto mais cedo melhor. Não sei se já viste este vídeo, de um Ted Talk do Jamie Oliver, mas a questão da obesidade infantil e da educação alimentar das crianças, é aqui discutida de uma forma brilhante: http://www.ted.com/talks/jamie_oliver.html

    Como nota final, e uma vez que referes a questão do sono no teu artigo, gostava apenas de te perguntar se tens dados sobre de que forma a falta de descanso pode influenciar o peso das crianças. Tenho lido alguns trabalhos sobre a relação entre a privação de sono e o aumento de massa corporal, e em particular que a falta de sono altera a maneira como o nosso cérebro reage a estímulos alimentares (um cérebro com falta de descanso prefere alimentos mais calóricos pelo que percebi), mas gostava de saber algo mais sobre o assunto, e por certo estarás mais por dentro da área que eu.

    Continua o bom trabalho e ficarei atenta aos próximos artigos :)

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  2. Antes de mais obrigada por acompanhares o Blog , espero estar a corresponder da melhor forma possível.
    Infelizmente na maior parte das vezes os grandes culpados do legado dos filhos são mesmo os seus progenitores e se eles acham que está tudo bem as coisas tornam-se mais complicadas.
    Quanto à correlação entre a obesidade e a má qualidade do sono ou mesmo a sua privação, é importante perceberes que o sono tem um papel a nível de remoção de toxinas geradas pela atividade que teve durante o dia assim como de regenerador metabólico. Portanto se este processo metabólico não está a funcionar bem poderão ser desencadeados outros distúrbios do sono como por exemplo o sono fragmentado ou os ciclos circadianos típicos de quem por exemplo trabalha por turnos. Estes processos podem desencadear uma resistência crónica à insulina que é também uma causa do aumento de peso.
    Outra das causas prende-se também com a desregulação de duas hormonas a Leptina que faz com que quanto menos horas de sono maior será o processo de desregulação metabólica, e a Orexina/ Hipocretina que está associada a homeostasia energética. Menos horas de sono mais perdas de neurónios contendo orexina, que é uma hormona reguladora do apetite e associada também ao aumento de peso.
    Estas são apenas algumas das condicionantes causadas pela má qualidade do sono.
    Realmente é importante manter esta função o mais regular possível para que todo o processo metabólico funcione na perfeição para poderes garantir uma produção normal de melatonina durante a noite.


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