quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O verdadeiro Segredo para ter Glúteos de Pedra



Pois é este artigo não vai falar de glúteo mas é de longe mais importante, acreditem em mim.
Na semana passada perguntei a um senhor que se deslocava para dar inicio a mais um treino, se estava tudo bem com ele, se os treinos estavam a correr bem e se era necessário algum tipo de ajuda da minha parte. Antes de escrever qual foi a sua resposta quero só dizer que este senhor tem 143kg, 1,56 metros, uma percentagem de massa gorda de mais de 40%.
De uma forma super tranquila e educada, ele respondeu: “não se preocupe…”
Mesmo assim, mesmo tendo-me virado as costas e continuado a sua caminhada para dar inicio ao treino, eu voltei a perguntar: “Não percebi, disse-me para não me preocupar, como não me preocupo? Este é o meu trabalho, preocupar-me com as pessoas. Ainda por cima amo aquilo que faço, por isso vou sempre preocupar-me consigo.”
Ele sorri um pouco e eu atiro mais duas perguntas: “Tem- se alimentado bem, o que almoçou hoje?”
Mais uma vez o senhor responde-me da mesma forma “Não se preocupe com isso”.
Mesmo assim voltei a perguntar: “ Mas porquê se essa parte na verdade é a mais importante?”
Resposta do senhor: “Está tudo controlado, isso não é o mais importante…”
Posto isto, voltei à minha vida. Longe de mim querer incomodar as pessoas.
Infelizmente ainda existe uma grande percentagem de pessoas que pensam da mesma forma. E o pior é que nem tão pouco querem aprender. Constantemente me pedem planos de treino “muito fortes”, “mais difícil que o anterior”, mas quando pergunto “e a alimentação como está?” A resposta é quase sempre a mesma “nisso não mexo”.
Pessoal, exercício e correcção alimentar devem ser sempre encaradas como medidas complementares e nunca como alternativas. É esta associação que possibilita os melhores resultados. A maioria dos artigos científicos mostra que só com exercício não se consegue o necessário grau de restrição calórica nos obesos, mesmo que essa actividade física seja suficiente para melhorar a condição física aeróbia.
Portanto a quantidade de exercício necessário para normalizar o peso de um indivíduo com SOP é superior à que é requerida para melhorar a capacidade cardiorrespiratória e proporcionar benefícios aeróbios. É mais fácil criar um balanço calórico negativo de 1000 ou 2000kcal por dia só com restrições alimentares do que só com actividade física.
Portanto nos obesos exercício é importante e necessário. Por exemplo:
Um senhor de 90kg que necessite de perder 10kg precisa de um balanço negativo de 7000kcalx10=70000kcal. Se usarmos a fórmula do custo da marcha 0,62kcal/km/kg, isto significa 1254 km de caminhada. A uma velocidade de 5 km por hora, o que já não é fácil para uma pessoa obesa. 1254 km significam 250 horas de caminhada. Com uma hora de marcha por dia a esta velocidade necessitaria de 250 dias para reduzir 10kg. Ou seja, cinco meses e meio. O que na verdade não seria bem assim, pois à medida que se vai perdendo peso a caminhada torna-se menos consumidora de energia o que alarga a distância requerida.
Mas voltando ao senhor, eu ainda como disse fiquei na minha vida cerca de 4 minutos mas não aguentei mais, juro. Tive que ir falar novamente com ele.
“Mas a comida não é mesmo o mais importante, como assim?”
“Não, isto comigo funciona assim, só com treino”
Bem isto estava cada vez a correr melhor. Tive que lançar mais uma pergunta das minhas.
“O que comeu hoje ao pequeno-almoço?”
“Bem hoje foi uma empada e um café” respondeu ele.
“Epá, como quer perder algum peso assim? Eu sei que tem um plano de treino, mas quem controla a sua alimentação?”
“Eu controlo, tenho alguns conhecimentos na área.” Resposta do senhor.
Tive de perguntar: “ É nutricionista?
Ele apressou-se a responder e logo disse que não, não tinha esse tipo de formação.
Por isso perguntei-lhe de onde vinham os tais conhecimentos na tal área que é a nutrição.
A resposta dele não tardou: “Trabalho com produtos naturais e já sei como funciona comigo.”
Eu só consegui dizer “ Então…?”
E então ele explicou-me: “Só perco peso com treino, a alimentação não me faz perder um grama. Sempre foi assim comigo por isso é como lhe digo, não se preocupe.”
Pois é grande história esta.
Não se riam, pois como diz um grande amigo meu “as pessoas gostam de viver com a cabeça enterrada na areia”.
A verdade é mesmo essa, este senhor é só mais um. Mais um que prefere camuflar o verdadeiro problema. Que na maior parte das vezes nada tem a ver com comida.

Sem comentários:

Enviar um comentário