sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Folato vs Ácido Fólico


"Faça do seu alimento o seu medicamento",
Esta é  uma das frases que me tem acompanhado diariamente nos últimos anos, não só me tem guiado como me define constantemente.

Recentemente presenciei uma conversa entre duas senhoras numa fila de supermercado. Uma estava grávida e de forma muito efusiva contava todos os pormenores do seu estado à amiga, conversa essa que  ainda durou alguns minutos onde se falou de tudo um pouco. Não estava a ser coscuvilheiro mas eu estava mesmo ali e elas também não falavam assim tão baixo por isso involuntariamente fui ouvindo a conversa.
Bem,no meio de toda aquela informação quando se começou a falar das vitaminas que o médico mandou tomar a minha atitude que até ali era estritamente passiva, passou a ser passiva por fora e em estado de ebulição por dentro.
Pois, quando um médico manda tomar ácido fólico numa consulta de rotina e nem análises lhe fez, ui..

Ok, primeiro que tudo é importante não se confundir ácido fólico e folato embora a maior parte das pessoas as utilizarem como sendo sinónimos. O folato faz parte da família do complexo B, podemos encontrá-lo em variados alimentos de origem vegetal mais concretamente nas verduras. Faz parte do processo de metilação do ADN. Actua na produção e manutenção das células, no desenvolvimento fetal e na robustez do tecido nervoso.

A sua deficiência em mulheres gestantes leva a um risco elevado de malformações no bebé, atraso no crescimento do mesmo e parto prematuro. De uma forma geral leva a um tipo de anemia, além de outros sintomas tais como diarreia, ausência de apetite, fraqueza e perda de peso.

Portanto até aqui podemos perceber o porquê de ser recomendado às mulheres que tomem ácido fólico em forma de suplemento pré-natal e durante a gravidez para evitar malformações do tubo neural.
Tudo isto seria mágico, não fosse o ácido fólico diferente do folato que se encontra nos alimentos. Melhor, não se encontra ácido fólico nos alimentos. Aquilo que se utliza nos suplementos vitamínicos e que se recomenda a estas mulheres é a forma sintética do folato, o ácido fólico.

Sabiam que se utiliza ácido fólico em cereais refinados como pão, massas ou mesmo arroz, com o intuito de se substituir todos aqueles nutrientes que se perderam no processo de transformação destas farinhas.

Agora, uma vez que infelizmente a alimentação ainda se baseia em cereais e farinhas refinadas e estas estão carregadas de ácido fólico, não é difícil que em conjunto com um multivitamínico se atinja níveis mais elevados de ácido fólico.
Por um lado podemos pensar em boa verdade que o excesso de folato obtido apartir de comida de verdade não deverá constituir grande perigo para a saúde, o mesmo já não podemos dizer com a sua forma sintética.

Existe na literatura alguns estudos recentes que demonstram problemas significativos relacionados com a ingestão de ácido fólico por parte de mulheres durante a gravides.
Por exemplo neste estudo Aqui onde foram seguidas mulheres que tomavam ácido fólico durante a gravidez observou-se que a probabilidade de morrerem de cancro de mama em relação às que não tinham essa suplementação era o dobro.
Num outro estudo Aqui, Aqui onde as mulheres grávidas também foram suplementadas com ácido fólico verificou-se uma maior incidência no feto, de asma, malformações cardíecas de nascença e infeções respiratórias.
Num estudo Aqui levado a cabo durante dez anos a utilização de ácido fólico foi associado a mais do dobro de risco de desenvolver cancro de próstata, comparativamente a placebos.

Contrariamente a todos estes artigos, niveis elevados de folato presente nos alimentos estão associados a uma menor incidência de cancro de mama e da próstata, como mostra Aqui um estudo realizado em Xangai sobre cancro da mama e a ingestão de folato recorrendo à alimentação.

O que vos pretendo mostrar e acima de tudo alertar é para o facto de as autoridades de saúde apenas darem importância à toma de suplementos de ácido fólico durante a gravides. Ok, sabemos que previne malformações na espinha dorsal do feto mas será que se deve começar por ai ?!
Será que para se tapar um buraco temos que deixar outro ainda maior aberto ?!

Esta é mais uma daquelas situações que me faz pensar no quanto tontos somos, realmente somos idênticos aos peixes, morremos pela boca. Sim, morremos efectivamente devido à forma como encaramos a comida e os medicamentos. O único termo que me ocorre agora não é o mais bonito mas adequa-se na perfeição. " Marcha tudo " 

Eu penso que, e isso vale o que vale, em vez de ser incutido a estas mulheres a ingestão de ácido fólico, muitas das vezes sem se saber sequer se existe essa carência ou não, porque não direccioná-las previamente para uma alimentação rica em verduras e legumes naturais diariamente. A obtenção de folato em quantidades suficientes a partir da alimentação natural pode prevenir o surgimento de cancros através da reparação de erros no ADN, mas por outro lado o ácido fólico parece alimentar o desenvolvimento de tumores e promover a angiogénese. Bem eu não sou de intrigas mas quer me parecer que alguns profissionais de saúde deviam olhar com outros olhos para a nutrição.

Para vos dar uma ideia, a dose diária recomendada de folato nos Estados Unidos é de 400 microgramas portanto:

Espargos (1,5 chávina de espargos cozidos) contém 402
Lentilhas (1 chávina de lentilhas cozidas) contém 358
Brócolos (2 chávinas de brócolos cozidos) contém 337
grão de bico ( 1 chávina de grão de bico cozido) contém 282
Alface frisada ( 3 chávinas) contém 192
Espinafres (3chávinas) contém 175


"Faça do seu alimento seu medicamento, faça do seu medicamento o seu alimento"
Hipócrates

Bem Haja






Sem comentários:

Enviar um comentário